A MENDIGA
Promíscua vida, fostes abandonada
Como pária, nas ruas das amarguras,
Vives uma existência, já conformada,
Numa sociedade que tu figuras.
Quem te vê, não vê, tua desditosa vida
Que passas entre o anonimato nas ruas,
Como uma coisa que vive desprovida
No espelho disforme há existências tão nuas.
Abençoas o esmoler na ínfima esmola
Que em tuas mãos cai, uma lágrima pungente,
Louvas ao Senhor por mais uma migalha.
Ninharia que corrói a víscera carente
Que a madrugada açoita, o frio esmigalha,
O corpo da mendiga, jaz, na fria vala.
Ernani Serra
Pensamento: A morte para uns é um sono sem sonhos e para outros é a
continuação desses sonhos com pesadelos.
Ernani Serra